domingo, 7 de dezembro de 2008

Roots of radicals

Eu moro em São Paulo há 20 anos...mas eu não sou daqui.
Nasci em Pirassununga, uma cidade do interior do estado, onde morei até meus 18 anos.
É engraçado como, apesar de morar em São Paulo há mais tempo do que morei em Pirassununga, eu não sou uma paulistana.
Apesar de meus filhos terem nascido aqui, apesar de eu adorar vários aspectos da cidade, apesar de amar andar pelas ruas de São Paulo...não, eu não sou daqui.
Pirassununga fica a cerca de 200 km da capital, uma cidade na beira da Anhanguera. Gosto de lá, tenho orgulho de ter nascido lá.
Vou a Pirassununga com bastante frequência....meus pais moram lá, os pais do meu marido também e meus filhos amam passar os dias na piscina da casa dos meus pais (e eu também).
Confesso que gosto de ir para Pirassununga e gosto de voltar para São Paulo, o movimento perfeito.
Não creio que gostaria de morar lá de novo, mas sou agradecida pela forma como a cidade me recebe em todas as minhas visitas. Muitas vezes, sou recepcionada com uma fileira de Ipês amarelos, explodindo em cor. Nesses momentos, eu amo Pirassununga ainda mais.
O que eu mais gosto na minha cidade é a forma como ela me moldou, através das oportunidades que tive, por ter nascido lá.
Pirassununga me deu irmãs que não nasceram dos meus pais, mas que, indiscutivelmente, são minhas irmãs...irmã que morava no meu quarteirão, irmã que morava virando a esquina, depois da Padaria, irmã que estudava na minha classe e que fazia da casa dela a minha casa também...por mais ingênuo que possa parecer, gosto de pensar que foi Pirassununga que me deu isso, e mais, deu-me também o espírito caipira forte e resiliente de manter essas irmãs perto de mim, mesmo após tantos anos.
A irmã que morava no mesmo quarteirão que eu, mora aqui em Sampa bem pertinho, a alguns quarteirões somente da minha casa e nela tenho a oportunidade de, em muitas sextas feiras, voltar aos meus 18 anos.
A outra irmã que morava virando a esquina já morou aqui e hoje mora lá, cuidando para que a nossa Pirassununga não se desvie do seu caminho. Com ela compartilho as melhores gargalhadas do mundo.
E a irmã que estudava comigo e que tem horários malucos de trabalho, mesmo quando não a vejo, está sempre aqui, na minha conversa diária, na fala dos meus filhos (assim como eu sei que estou sempre na vida dela).
E digam o que quiserem, devemos isso a Pirassununga, pela forma como fomos criadas, aos valores que nos foram passados.
A missa das 7 da noite no domingo (onde íamos para poder descer para a praça depois), os primeiros sábados que pudemos sair de noite (e tínhamos que voltar tão cedo que mal dava para encontrar quem quer que fosse...), a piscina do clube Pirassununga (e o deck, e o ginásio, e o exame médico para usar a piscina, pelo qual passávamos todo início de verão), as Brincadeiras na mini sede do clube, cuba libre com gelo, as primeiras cervejas, o Postinho...
E, principalmente, o Colégio. O meu colégio. Colégio John Kennedy. Foi ele que, inexoravelmente, forjou a minha história.
Muito mais do que qualquer período de minha vida, minha experiência em Pirassununga tornou-me o ser que sou hoje, com minha luzes e minhas sombras.
E, apesar de ser tão grata à minha cidade, é ela, a minha cidade, quem me agradece, nem sei porque, ao me receber com seus Ipês amarelos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Pois é, Fabi.

Pirassununga me lembra muita coisa boa também, algumas nem tanto, e outras ruins. Mas foi lá que me criei, e ela me deixou cheio de marcas, muitas indeléveis.
Você fala da missa de domingo. Na igreja matriz, imagino. Sabe que isso me fez lembrar do prédio do Instituto de Educação? Acho que tem uma harmonia muito bela entre esses dois prédios. Um equilíbrio que você consegue ver de dentro, ao andar pela rua que separa os dois. Nunca tinha parado prá refletir sobre isso, apesar de sentir isso desde sempre.
O prédio do Instituto deveria ser tombado, se ainda não foi. É lin-do! Lembra do salão nobre? Um desbunde! Que vontade de ter me tornado ator só para poder estar naquele palco.
E tem o coreto, logo abaixo, com a banda que começava (e ainda começa, graças aos deuses e ao povo de lá) a tocar logo depois da missa das sete. Essa é uma lembrança linda de infância, que carrego com muito carinho. Dessas indeléveis que lhe falei.
E os amigos. Me entreguei de alma a alguns, nessa época aí que você fala. Mas isso não é assunto prá agora.

inté!
Alexandre Osorio