sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Meus filhos, meu mundo

Sou canceriana, com muito orgulho. Isso, por si só, já diz muito de mim, para quem acredita em horóscopo. Nada na minha vida é mais importante do que a minha família.
Nem a música (que, em grande parte, me faz ser quem eu sou), nem meu trabalho (e eu amo o meu trabalho), nem a dança (e eu amo dançar), nem minhas amigas e nem eu mesma. Minha família está acima de tudo e no topo da montanha, estão meus filhos.
Por eles morro, por eles mato.

Ontem, meu filho mais velho, o Luigi, foi injustamente acusado. Ele foi acusado por algo que ele não fez. Foi algo até que corriqueiro, mas o Joey, meu filho mais novo, fez algo errado e não teve coragem de assumir e, assim sendo, a culpa recaiu sobre o Luigi.
Mesmo ele negando veementemente sua culpa, ainda assim as pessoas não acreditaram nele, e mostraram desconfiança.

Isso aconteceu ontem à tarde, enquanto eu trabalhava. Quando eu fui buscá-los, o Luigi me contou o que havia acontecido. Inicialmente fiquei muito brava com o Joey, por ele não ter assumido o erro, e fiz sermão, e fiz castigo...
Depois, conversando com o Luigi, e percebendo que não haviam dado o crédito devido à palavra do meu filho, me enfureci.
Chorei, esperneei, disse a ele que a palavra dele tinha mais valor que qualquer outra coisa no mundo e que deviam desculpas a ele...

Já pisei muito na bola com meus filhos. Sou uma mãe muito presente, mas não se esqueçam...eu sou canceriana. Eu exacerbo nas emoções (boas e ruins), eu brigo, eu amo, eu sofro, eu celebro...muito.
Porém, em todas as vezes que julguei ter pisado na bola com meus filhos, eu me desculpei. Se pisei na bola por uma bronca indevida, ou por um julgamento errado, ou por um tom de voz áspero...eu pedi desculpas, em todas as vezes, sem exceção. Meu coração está tranquilo quanto à isso.

Ontem, pisaram na bola com o Luigi. E, contrariando todo o exemplo que dou, não pediram desculpas ao Luigi. E eu fiquei enfurecida.

Mal dormi essa noite. Só em pensar que eu não estava lá para defendê-lo, eu sofri, e acordei durante a noite, e chorei durante a noite.
Enquanto isso, o Luigi dormia placidamente na sua cama.

O Luigi é um cara muito legal. Ele tem 8 anos, mas ele é realmente um cara especial. Ele sempre foi daquelas crianças de quem todo mundo gosta, porque ele é simpático, bem humorado, esperto, engraçado, dono de uma auto estima inabalável e de um senso de humor incrível.
O Luigi é meu filho mais velho, ele é meu grande companheiro, ele é meu amigo do peito.
O Luigi me mostrou o maior amor do mundo!

Ontem falharam com o meu filho. E eu fiquei tão triste, e ele, percebendo isso, tentou me acalmar, me consolar, me mostrar que não valia a pena ficar tão brava por tão pouco...mas eu sou canceriana, e pelos meus filhos eu morro, eu mato.

Quando o dia amanheceu, a primeira coisa que fiz ao colocar meus pés para fora de casa foi falar às pessoas que haviam pisado na bola com o Luigi, o que eu achava da postura e do ato delas e que, mesmo inconscientemente, elas haviam falhado com meu menino.
E disse ainda que o coração do Luigi é tão grande, e ele é tão perfeito, que mesmo na ausência das desculpas delas, ele já as havia perdoado.

Eu sei que essas pessoas que o magoaram gostam dele. Mas elas não haviam pedido desculpas a ele, mas eu as fiz pedir.
Porque meu filho é lindo e ninguém nesse mundo vai magoá-lo sem que eu tente defendê-lo.
Porque o coração do meu filho é enorme e, dentro de sua enormidade, ele deve ser respeitado.

E o Luigi sorriu ao meu ver defendendo-o. E ele sabe que é assim mesmo que a mãe dele é.
O Lugi sabe que, pelos meus filhos, eu morro, eu mato!

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Princesa Lelê

A Lelê tem quase 5 anos. Eu a conheci pessoalmente há 5 dias, e ela já mudou a minha vida.
A Lelê tem os cabelos lisos, franja, dentinhos pequenos, pernas compridas que querem pedalar uma bicicleta e o sorriso mais puro do mundo.
A Lelê tem uma voz linda, que narra o que acontece ao seu redor. A Lelê tem dedos ávidos por explorar a vida, e a cada exploração ela ri, e gargalha, e fica feliz.
A Lelê tem olhos castanhos, que fazem o seu rosto ser mais bonito ainda. Mas a Lelê não pode ver. A Lelê tem quase 5 anos, mas ela não pode ver, porque a Lelê é deficiente visual.

A Lelê foi colocada na minha vida. Quem a colocou na minha vida eu não sei dizer, mas prefiro pensar que foi Deus quem a colocou lá.

Eu fui conhecer a Lelê porque não pude fazer nada diferente disso. Foi impossível fugir. Desde o momento que soube que ela existia, eu só pensava nela, em como ela seria, e no que eu podia fazer para ajudá-la.
Eu fui conhecer a Lelê com a pretensão de poder ensinar algo, ajudar em algo. Mas a Lelê me mostrou que é ela quem vai me ensinar, é ela quem vai me ajudar.

A Lelê é linda de morrer!!!!

E a partir do momento que eu a vi, e conversei com ela, e ela me tocou, e passou suas mãos pelas minhas, e eu a vi explorando o quintal, rindo, eu corri atrás de todo o tipo de informação que eu pudesse ter que me ajudasse a mantê-la perto de mim.

"Você viu, um passarinho passou aqui" - ela me disse, usando sua audição apurada.
"Você sabe nadar, eu também vou saber, vou aprender..." (com certeza vai Lelê, você pode tudo!!!).

E eu fiquei surpresa em ver uma menininha tão pequena ser tão destemida. E eu fiquei tão agradecida de poder conhecê-la, de poder conversar com ela.
Eu disse a ela que eu quero ser amiga dela, quero poder conversar com ela, visitá-la sempre. Porque eu não vou mais conseguir ficar longe dela.
E fiquei tão feliz, porque ela deixou, ela me aceitou como amiga.

A Lelê se tornou parte de mim, e minha vida nunca mais será a mesma. Quero acompanhar seu crescimento, quero ter orgulho em dizer que faço parte de algo tão grandioso, tão perfeito. Porque, mesmo que digam o contrário, a Lelê é perfeita!!!!!

A Lelê não pode ver, mas a Lelê enxerga. E eu gosto de pensar que a Lelê enxergou em mim um pouco de amor, um pouco de carinho e pureza.

Eu fui até ela para ajudá-la. Mas a Lelê, com seus 5 anos incompletos, é que me ajudou. Ela me ajudou, dentro da improbabilidade do ato, a enxergar melhor. Porque depois da Lelê, o mundo tem outra cor para mim, e isso eu devo à ela.
Obrigada Lelê...

Eu vou mover montanhas por ela.

A Lelê é uma princesa.
E como tal será tratada!