segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Ne me quitte pas

Ne me quitte pas
não me deixes
Il faut tout oublier
é preciso esquecer tudo
Tout peut s`outblier
tudo pode ser esquecido
Que s`enfuit déjà
o que nos escapa
Oublier le temps de malentendus
esquecer o tempo dos mal-entendidos
Et le temps perdue
o tempo perdido
À savoir comment
procurando saber como
Oublier ces heures
esquecer estas horas
Que tuaient parfois
que às vezes matam
Á coups de pourquois
com golpes de " porquês"
Le coeur du bonheur
o coração da felicidade
Ne me quitte pas
não me deixes

Moi, je t`offrirai
eu te oferecerei
Des perles de pluie
pérolas de chuva
Venues du pays
vindas de um país
Où il ne pleut pas
onde não chove
Je croiserai la terre
atravessarei a terra
Jusque près ma mort
até perto de minha morte
Pour couvrir ton corps
para cobrir teu corpo
D`or et de lumière
de ouro e luz
Je ferai un domaine
eu farei um lugar
Où l`amour sera roi
onde o amor será rei
Où l`amour sera loi
onde o amor será lei
Et tu sera reine
e tu serás rainha
Ne me quitte pas
não me deixes

Ne me quitte pas
não me deixes
Je t`inventerai
eu te inventarei
Des mots insencés
palavras insensatas
Que tu comprendras
que tu compreenderás
Je te parlerai
vou te falar
De ces amants là
desses amantes
Que ont vu des fois
que às vezes viram
Leurs coeurs s`embraser
seus corações se incendiar
Je te raconterai
vou te contar
L`histoire de ce roi
a história desse rei
Mort de n`avoir pas
morto por não ter
Pu te rencontrer
podido te encontrar
Ne me quitte pas
não me deixes

On a vu souvent
tantas vezes vimos
Rejaillir le feu
renascer o fogo
De l`ancien volcan
do antigo vulcão
Qu`on croyait trop vieux
que acreditava-se velho demais
Il est, paraît`il
parece que tinha
Des terres brulées
terras queimadas
Donnant plus de blé
dando mais trigo
Qu`un meilleur avril
que a melhor colheita
Et comme bien des soirs
pois, em quantas tardes
Pour qu`un ciel flamboie
para que o céu fique flamejante
Le rouge et le noir
o vermelho e o negro
Ne s`épousent t`il pas ?
não se casam ?
Ne me quittes pas
não me deixes

Ne me quittes pas
não me deixes
Je ne veut plus pleurereu
não quero mais chorar
Je ne veut plus parler
não quero mais falar
Je me cacherai là
vou me esconder ali
À te regarder
só te olhando
Danser et sourire
dançar e sorrir
Et à te écoutere
te escutando
Chanter er puis
cantar, e depois rir
Laisse moi devenir
deixe que eu me transforme
L`ombre de ton ombre
na sombra da tua sombra
L`ombre de ta main
na sombra da tua mão
L`ombre de ton chein
ou na sombra do teu cão
Ne me quitte pas
mas não me deixes
Ne me quitte pas
não me deixes
Ne me quitte pas
não me deixes
-------------------------------------------------------------------------------------------------
...
Deixe eu me transformar
na sombra da tua sombra
na sombra da tua mão
ou na sombra do teu cão

Que coisa linda, meu Deus!!!!

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

As crianças são as flores da humanidade

Sou completamente maluca por crianças. Completamente enlouquecida por elas.
Mas não sou, necessariamente, aquele tipo de pessoa que não pode ver um bebê que já quer pegá-lo no colo, ou que se senta no chão para brincar com crianças pequenas.
O meu envolvimento com as crianças engloba esse tipo de ato também, mas isso não é o importante.
O meu envolvimento com crianças mostra-se no fato que simplesmente não suporto a idéia de que elas possam sofrer.
Sempre fui assim, mas após o nascimento dos meus meninos, esse sentimento tornou-se insuportável.
Não leio notícias ruins sobre crianças, mudo de canal quando a televisão mostra algo ruim que envolva crianças, não assisto a filmes que incluam crianças que sofrem...pelo simples fato que não suporto tal idéia.

Talvez soe demagogo de minha parte, mas gostaria de poder ajudar a todas as crianças que pedem esmola na rua, a todas as crianças que não estão agasalhadas em dias frios, a todas as crianças que tem fome, ou sede, ou medo, ou simplesmente sentem-se sozinhas.

Não me importo com os adultos, mas me importo, enormemente, com as crianças.

Gostaria de poder tratar de todas elas, dar amor, carinho, colo e atenção. Gostaria de poder proporcionar a elas uma escola e um uniforme cheiroso para elas vestirem em seus primeiros dias de aula, uma cama quente e macia para que elas pudessem exercitar o direito do descanso, brinquedos para que pudessem ser crianças de verdade, um colo para quando se machucassem, um sorriso para suas pequenas e grandes conquistas.
Gostaria de poder ser mãe de todas as crianças que não tem uma mãe de verdade. Gostaria sim de poder ser a mãe de todas elas, e dar a elas todo o amor que eu fosse capaz de dar.

Gostaria de viver rodeada por elas, para ao menos tentar tornar-me uma pessoa mais decente. Gostaria de poder compartilhar de toda a pureza que existe em seus olhos e, dessa forma, minimizar minhas próprias máculas.

Gostaria de tirá-las dos semáforos, das estradas, das calçadas. Gostaria de colocá-las no meu colo, juro que gostaria.

E a cada menino pedindo esmola que vejo, eu vejo nele os olhos dos meus filhos. E os meus filhos não são nem melhores nem piores do que ele, eles são idênticos a ele, porque todas as crianças são perfeitas.

E enquanto enchermos as nossas crianças de Ipods, celulares, roupas caras, tênis de marca e brinquedos supérfluos, estaremos negando a essas outras crianças, que são idênticas às nossas, que também são nossas, seus direitos legítimos à escola, saúde e amor.

Todas as crianças são iguais.

Infelizmente, dentro da minha vida, pouco posso fazer por elas, mas faço cem por cento do pouco que posso. E a cada dia, procuro fazer mais. E tenho certeza que um dia farei o suficiente para poder, ao menos, dormir em paz.
Porque hoje em dia, quando vejo uma criança que sofre, eu verdadeiramente não durmo em paz.
E agradeço por não ser capaz de dormir em paz, pois isso me mostra que ainda posso ter esperança em mim mesma.

Não se esqueçam, as crianças são as flores da humanidade. Todas elas, não só os meus, não só os seus, não só os nossos filhos.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Pedaço de mim

Sou saudosista. E nostálgica.
É piegas ser assim. Mas é assim que eu sou.
Gosto de ver fotos antigas, gosto de falar sobre o passado, recontar ou ouvir novamente velhas histórias, falar sobre os antepassados, ou sobre a infância dos meus pais, ouvir músicas da minha própria infância...sempre fui assim, desses seres que tem um olho voltado para o futuro mas o outro, inevitavelmente, mira o passado.
E claro, tenho saudades. Provavelmente é um dos sentimentos mais fortes que me acompanham. Eu acordo com ele e durmo com ele, todos os dias.

Tenho saudade de coisas diversas.

Tenho saudade da minha avó Maria, da sopa do final da tarde na casa dela, de assistir novela com ela, do cinzeiro com enormes bitucas de Charm que ela deixava ao lado de sua cadeira. Tenho saudade dos vestidos dela.
Tenho saudade da Mina e da Dindinha, minhas duas outras velhinhas amadas que moravam com minha avó. Tenho saudade das bolachas guardadas no armário de roupas e mais ainda, tenho saudade das balas de mel, que nunca mais me foram oferecidas.

Tenho saudade de ouvir Cinema Transcendental do Caetano na sala de música da minha casa velha em Pirassununga, deitada no chão, com o fone de ouvido gigante me isolando de todo o mundo, enquanto o sol queimava o quintal lá fora. Tenho saudade dessa sala de música, com o piano, as caixas de som e a melhor coleção de vinis do mundo.

Tenho saudade dos velhos LPs de vinil, com o lado A e o lado B e as brutais diferenças entre os dois lados, histórias completamente diferentes a serem contadas por cada lado do LP.

Tenho saudade do meu irmão que pouco vejo.

Tenho saudade das bonequinhas de borracha e dos livros infantis que outro irmão me trazia, quando vinha nos visitar, na minha infância em Pirassununga. Ele vinha de longe, chegava de madrugada, mas antes de ir dormir, passava pelo meu quarto e deixava os pequenos presentes ao redor da minha cama, só para que eu soubesse, ao acordar, que ele estava lá.
Tenho saudade da alegria que eu sentia quando acordava e constatava que meu irmão estava lá.

Tenho saudade do dia do nascimento dos meus filhos. Tenho saudade da sensação de poder que me invadia a cada parto, da certeza que eu podia tudo, enquanto estivesse com meus filhos em meus braços. Até hoje, se eles estão comigo, ao alcance de minhas mãos, eu tudo posso.
Tenho especial saudade de amamentá-los, os meus olhos nos olhos deles, e o hálito doce dos meus bebês me embriagando.

Tenho saudade da Rua Joaquim Procópio, 1875, a casa velha, suas histórias, seu porão e a importância dessa casa para a minha mãe.

Tenho saudade dos finais de tarde, quando meu pai chegava da fazenda, a caminhonete cheia de galões de leite, sacos de laranja e outras coisas que ajudávamos a descarregar. Tenho saudade de meu pai com suas botas da fazenda e o cheiro que ele trazia de lá, enquanto sentava na cadeira da área de serviço para descalçá-las.

Tenho saudade do céu cor de rosa dos finais de tarde em Pirassununga. Procuro por ele a cada volta que faço à minha cidade.

Tenho saudade do mundo antes da invasão da escola em Beslan, na Ossétia do Norte, Rússia, em 2004. Tenho saudade de quando eu não sabia que centenas de crianças haviam sido mortas por causa de fanatismo, poder e preconceito. Não as conheci, mas tenho saudade dessas crianças, de cada uma delas.

Tenho saudade dos shows dos Ramones, saudade de cada show deles que eu assisti.
A expectativa, o aquecimento, a excitação de saber que o momento estava chegando, o camarote e o indefectível "One Two Three Four" que precedia cada música...

E tenho saudade da Marisa. Há mais de 20 anos eu tenho saudade da Marisa e então vou concluindo que a saudade não passa nem arrefece, apenas molda-se às nossas vidas, como uma sombra perene.

A saudade, às vezes, mata um pouco da gente.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Os olhos da Carolina

Há alguns anos atrás, minha mãe ficou doente.
Sua doença começou a se manifestar mais ou menos na mesma época em que eu engravidei do meu primeiro filho, o Luigi.
Sou a filha caçula de 9 irmãos e uma mulher depois de 4 homens seguidos. Sempre fui muito amada, paparicada e alisada pela minha mãe.
Quando meu filho nasceu, minha mãe não pode dar a ele o colo que eu sei que ela gostaria de ter dado, nem pode me ajudar tanto quanto ela gostaria de ter me ajudado.
Ela fez o que pode, e o que ela pode fazer era muito mais do que eu precisava.
Eu só precisava dela.

Após 2 anos, a doença da minha mãe, que nenhum médico descobria qual era, havia progredido e nesse momento eu engravidei pela segunda vez.
Ela veio ficar comigo, mas ela não estava bem. Culpo-me até hoje por ter permitido que ela viesse; eu deveria ter dito a ela que não precisava, que eu ficaria bem. Mas a verdade é que, no fundo, eu precisava dela perto de mim, mesmo ela não estando bem. Ela me deixa segura.

Da mesma forma que da primeira vez, minha mãe não pode dar ao meu segundo filho o colo que eu sei que ela gostaria de ter dado e nem pode me ajudar da forma como eu sei que ela gostaria de ter ajudado.
Sua doença não havia sido diagnosticada ainda e ela, gradativamente, piorava.

Minha mãe sempre foi para mim o ponto central de minha vida, sua voz sempre foi musical e doce, sua presença certeira e constante e seus olhos, vigilantes.
Eu tive na minha mãe todo o amor dessa vida. Ela cuidou de mim, me beijou, me cobriu, me ensinou e me amou mais do que qualquer outra pessoa jamais me amou.
Quando criança eu mal conseguia me afastar dela por algumas horas...eu tinha saudade dela, eu pedia por ela.

Depois de algum tempo, e após passar por vários médicos, minha mãe piorou muito, exatamente em um feriado em que estávamos, todos os irmãos, na casa dela e do meu pai, no interior. Decidimos, naquela hora, trazê-la para São Paulo e interná-la no Einstein, para um batelada de exames, na esperança que um grupo de médicos pudesse descobrir o que ela tinha.

Alguns irmãos vieram a São Paulo para organizar a internação e eu fiquei com ela em Pira, incumbida de arrumar a mala dela para a viagem.

Por quantos anos eu viver eu não serei capaz de esquecer do medo que me invadiu ao mexer em seu armário para separar suas roupas. A cada blusa, a cada camisola, a cada peça de roupa que eu tocava, eu me despedia, mesmo que sem querer, da minha mãe...e isso me amedrontava, isso me fazia chorar.
A mesma saudade que sentia quando criança me invadiu, porém tive medo de ser uma saudade que eu não pudesse mais matar.
Enquanto isso, ela, deitada na cama, me vigiava, com seus olhos...os olhos da Carolina. E com seus olhos ela sorria, um sorriso triste, sem medo de morrer, mas com receio de que eu sofresse, por me ver ainda tão imatura para enfrentar o mundo sem ela, para criar meus filhos sem ela.
Seus olhos sempre me acompanharam e não deixaram de fazê-lo nem nessa hora.

A doença da minha mãe foi diagnosticada, ela foi tratada e hoje está bem.
Eu ainda tenho muito medo de perdê-la, eu ainda não estou preparada. Não creio que estarei um dia.
Eu digo a ela que a amo, digo isso a toda hora.
Quero-a perto de mim sempre. Quero seus olhos me vigiando. Os olhos da Carolina. E eles são lindos!

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Shiny Happy People...

Eu gosto muito de música. Acho que, depois dos meus filhos, marido e família (incluem-se aí os familiares de sangue ou não), música é a coisa mais importante da minha vida.
E eu gosto especialmente de rock and roll. Adoro, de verdade.

Nasci de uma mãe pianista e de um pai assobiador. Todo mundo em casa tem um ouvido muito musical. Todos nós estudamos música. Todos nós crescemos vendo a minha mãe tocar piano e todos nós, querendo ou não, aprendemos a tocar piano.

Tenho uma memória muito musical.

Sei que algumas pessoas, através de cheiros, lembram-se de lugares ou pessoas. Outras ainda lembram-se de momentos especiais através de sabores. Eu não.
A música é que me chama as lembranças. É pela música que me recordo dos momentos mais marcantes, ou simples, ou emocionantes da minha vida.
Pelo assobio do meu pai, ou por uma singela melodia que ele costuma ainda cantarolar, lembro-me da minha infância, de quando eu nadava com ele na piscina de casa no final das tardes quentes de verão em Pirassununga.
O tango também me lembra do meu pai.

O som do piano faz meu pensamento ser invadido pelo rosto da minha mãe. Onde quer que eu esteja, se ouço o som do piano, minha mãe se faz presente.
Um música chamada Flor da Paisagem me lembra da minha mãe. Ne me quitte pas, com a Nina Simone, me lembra da minha mãe.

Talking Heads me lembra de um determinado irmão, Lou Reed me lembra de outro. David Bowie me lembra de mim mesma, assim como Prince.
Algumas músicas brasileiras me lembram das minhas aulas de música no colégio, todas as segundas feiras, logo cedo, ao redor do piano da minha professora.

Ramones me lembra do meu marido. Nosso namoro, nosso casamento, nossos filhos e claro, nosso caçula, que carrega com orgulho o nome de Joey.

De uns tempos para cá, passei a ouvir muito REM. Sempre gostei bastante, mas não era das minhas bandas favoritas. Porém, certamente influenciada por uma amiga-irmã (daquelas que não é de sangue, mas é de alma), passei a ouvir cada vez mais. E melhor, passei a ouvir muito quando estava com ela, tomando uma cerveja, enquanto nossos filhos brincavam. Colocávamos o DVD e ouvíamos e assistíamos ao DVD como a um show em tempo real.
Fizemos isso inúmeras vezes e era cada vez melhor.

Um dia, esse ano, ficamos sabendo que a banda viria para o Brasil. E claro, arranjamos tudo para assistir ao show, do melhor lugar da platéia. Nos preparamos, nos aquecemos, nos instigamos e lá fomos nós.
E que show...que show!
Todo mundo que lá estava pode assistir a um show de altíssima qualidade, banda competente, repertório perfeito. Todas as críticas no dia seguinte classificaram o espetáculo como ótimo, com justiça.

Mas nada disso foi importante. O importante foi o momento que nós, eu e a minha amiga, partilhamos. Ninguém mais poderia entender o que passava pela nossa cabeça naquela hora. Foi como um selo sobre nossos 36 anos de amizade.

E no dia seguinte ela me ligou e disse que estava muito feliz. E disse ainda que, de madrugada, foi acordada por algumas pessoas que provavelmente também estavam no show e que cantavam, na rua, uma música do REM. E ela me disse, de novo, que estava feliz...
E se a minha amiga está feliz, eu também estou feliz.

E o REM veio se juntar à minha vasta memória musical. Porque, a despeito das letras politizadas da banda, e da postura engajada do vocalista, REM vai me lembrar, para sempre, da minha amiga e da nossa amizade.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Roots of radicals

Eu moro em São Paulo há 20 anos...mas eu não sou daqui.
Nasci em Pirassununga, uma cidade do interior do estado, onde morei até meus 18 anos.
É engraçado como, apesar de morar em São Paulo há mais tempo do que morei em Pirassununga, eu não sou uma paulistana.
Apesar de meus filhos terem nascido aqui, apesar de eu adorar vários aspectos da cidade, apesar de amar andar pelas ruas de São Paulo...não, eu não sou daqui.
Pirassununga fica a cerca de 200 km da capital, uma cidade na beira da Anhanguera. Gosto de lá, tenho orgulho de ter nascido lá.
Vou a Pirassununga com bastante frequência....meus pais moram lá, os pais do meu marido também e meus filhos amam passar os dias na piscina da casa dos meus pais (e eu também).
Confesso que gosto de ir para Pirassununga e gosto de voltar para São Paulo, o movimento perfeito.
Não creio que gostaria de morar lá de novo, mas sou agradecida pela forma como a cidade me recebe em todas as minhas visitas. Muitas vezes, sou recepcionada com uma fileira de Ipês amarelos, explodindo em cor. Nesses momentos, eu amo Pirassununga ainda mais.
O que eu mais gosto na minha cidade é a forma como ela me moldou, através das oportunidades que tive, por ter nascido lá.
Pirassununga me deu irmãs que não nasceram dos meus pais, mas que, indiscutivelmente, são minhas irmãs...irmã que morava no meu quarteirão, irmã que morava virando a esquina, depois da Padaria, irmã que estudava na minha classe e que fazia da casa dela a minha casa também...por mais ingênuo que possa parecer, gosto de pensar que foi Pirassununga que me deu isso, e mais, deu-me também o espírito caipira forte e resiliente de manter essas irmãs perto de mim, mesmo após tantos anos.
A irmã que morava no mesmo quarteirão que eu, mora aqui em Sampa bem pertinho, a alguns quarteirões somente da minha casa e nela tenho a oportunidade de, em muitas sextas feiras, voltar aos meus 18 anos.
A outra irmã que morava virando a esquina já morou aqui e hoje mora lá, cuidando para que a nossa Pirassununga não se desvie do seu caminho. Com ela compartilho as melhores gargalhadas do mundo.
E a irmã que estudava comigo e que tem horários malucos de trabalho, mesmo quando não a vejo, está sempre aqui, na minha conversa diária, na fala dos meus filhos (assim como eu sei que estou sempre na vida dela).
E digam o que quiserem, devemos isso a Pirassununga, pela forma como fomos criadas, aos valores que nos foram passados.
A missa das 7 da noite no domingo (onde íamos para poder descer para a praça depois), os primeiros sábados que pudemos sair de noite (e tínhamos que voltar tão cedo que mal dava para encontrar quem quer que fosse...), a piscina do clube Pirassununga (e o deck, e o ginásio, e o exame médico para usar a piscina, pelo qual passávamos todo início de verão), as Brincadeiras na mini sede do clube, cuba libre com gelo, as primeiras cervejas, o Postinho...
E, principalmente, o Colégio. O meu colégio. Colégio John Kennedy. Foi ele que, inexoravelmente, forjou a minha história.
Muito mais do que qualquer período de minha vida, minha experiência em Pirassununga tornou-me o ser que sou hoje, com minha luzes e minhas sombras.
E, apesar de ser tão grata à minha cidade, é ela, a minha cidade, quem me agradece, nem sei porque, ao me receber com seus Ipês amarelos.

sábado, 6 de dezembro de 2008

A festa de amigo secreto

Ontem participei da festa de amigo secreto da minha empresa...tudo muito divertido, eu ri muito como sempre, tomei minha cerveja e fui feliz.
Na troca dos presentes, fui surpreendida pelo presente que ganhei. Não tanto pelo presente em si, porque quem me tirou na brincadeira é um amigo de longa data que me conhece bem e que compartilha comigo o gosto pelo rock. Surpreendi-me sim pela reação que o tal presente me causou.
Meu amigo me deu um livro (capa dura, grande, fotos divinas, acabamento perfeito) chamado PUNK - the whole story


BUM!!!! Back to the 80's.
Me vi aos 15 anos de idade, com os olhos pintados de lápis preto, jaco de couro, mochila detonada nas costas, lendo o livro O que é Punk (Antonio Bivar, escrito sei lá, talvez em 1982 ou próximo a isso...). Aquele livro (finiiiiiinho, mais didático que qualquer outra coisa, na verdade) foi uma martelada na minha cabeça!
Achei uma foto de alguns garotos ingleses em uma revista de música da época (não lembro qual...)punks, com 14 ou 15 anos de idade, atravessando uma rua em Londres, e um deles, o do meio, sorria para o fotógrafo enquanto empinava o dedo do meio (meus filhos falam assim, dedo do meio, quando querem se referir ao palavrão que ele representa).
Enlouqueci! Plastifiquei a foto e colei-a na minha mochila (elas, tanto a foto quanto a mochila roxa me acompanharam por longos anos).

Hey Ho, let's go!!!

O movimento Punk já havia se consolidado no mainstream há tempos, pois eu, aos quinze anos, vivia os anos de 1985, 1986 no máximo. Porém, para mim, ele nascia alí, nas paredes do meu quarto forradas de fotos da revista Bizz (a original, claro!). Eu nascia ali!
Meus pais talvez achassem esquisito uma garota de 15 anos vestida de preto, cintão de tachas, bottom dos Ramones e olhos de kajal...mas eu era (e sou) a nona filha e uma linhagem de irmãos e irmãs muito contestadores...eu apenas não estava fugindo à regra.
Meus anos mergulhada no punk rock foram intensos, orgásticos (como só os adolescentes sabem sentir). Foram tão bons que chegaram a doer.

Continuo parceira do punk rock. Meu marido é um belo representante do movimento (se não na estampa, NA ALMA, o que é muito mais importante).
Mas, não sei bem porque, o presente de ontem bateu pesado.
Hey Ho, let's Go!!!!
Anyway, obrigada mesmo Miltinho, AMEI o livro!!!

Eu sou eu

Pois sim, let's write!

Quando pequena e adolescente, tive diários sempre! Fui daquelas meninas que amava escrever, amava aulas de redação na escola e era uma das melhores alunas da classe para desenvolver textos. Meus professores de literatura gostavam de me dar aula e eu gostava que eles me dessem aula...

Mesmo adolescente, quando achei que o lance legal era não prestar atenção na aula, eu continuei prestando atenção nas aulas de Literatura, Redação e História.

Tive excelentes professores dessas matérias, principalmente no Colegial (David, Seu Gésner, que me incentivou a escrever sempre, por qualquer razão)...porém há quem diga o contrário.

Não sou da geração MSN, gosto do papel e da velha caneta BIC...então, prá que esse Blog...
A pergunta melhor formulada seria " prá QUEM esse Blog...

Pois esse Blog destina-se a todos os meus amigos que, de alguma forma, participaram da vida que venho vivendo até agora. Seria impossível acessá-los, a todos, por carta, mas usando da parca tecnologia que tento dominar (what a fight!!!!), posso ao menos tentar....

Esse Blog, também destina-se aos meus companheiros de rock and roll, pessoas que compartilharam e compartilham comigo solos de guitarra, harmonia no baixo, uma sutil batida de bateria (e que faz toda a diferença em determinada música), capas de disco inesquecíveis (Alladin Sane, London Calling, Rock and Roll Diary, Around the world in a Day, o primeiro LP dos Ramones...).

Destina-se sobretudo como agradecimento aos meus irmãos, que me apresentaram o rock and roll quando eu era muito pequena (ouvi Lou Reed pela primeira vez com menos de 7 anos...) e isso foi determinante na definição de quem sou hoje.

Caríssimos, eu sou eu!