sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Braços abertos



Quando as palavras são desnecessárias...

sábado, 16 de janeiro de 2010

Que eu não esqueça!

Preciso retomar o assunto.
Após mencionar o terremoto no Haiti, em meu último post, eu disse que, antes de saber da morte da Dona Zilda Arns, minha vida continuava no seu andamento normal.
Hoje, alguns dias depois, preciso dizer que eu não quero que minha vida continue no seu andamento normal.

Hoje é sábado e, em como todo sábado, a revista semanal que eu assino chegou em minha casa.
Claro que a capa e a maior reportagem da revista eram sobre o terremoto no Haiti.
Um dos meus filhos, que é tão sensível, perguntou para mim porque colocavam, na capa da revista, a foto de alguém sofrendo.
Respondi para ele que era para que não nos esquecessemos.

Na revista havia uma foto. Entre tantos fotos de dor, havia uma em especial.
Era a foto de uma menininha. Uma menininha de 2 ou 3 anos. Morta. Jogada na rua. Lá deixada.
Não sobrou ninguém de sua família para chorar por ela.
Enquanto meus filhos dormem rodeados por brinquedos, aquela menininha não teve ninguém para reclamar seu corpo. Ninguém sobrou para chorá-la.

Eu sempre acho que eu ajudo.
Eu contribuo com várias instituições, eu dôo tudo que eu não uso, eu visito e dou carinho a crianças carentes.
A verdade é que eu não faço quase nada.

Porque ao mesmo tempo que eu faço tudo isso, eu também gasto um monte de dinheiro em roupas das quais eu não preciso, em comidas das quais não preciso, em passeios que tornar-se-ão somente fotos, ou lembranças.
Posso não ter culpa da miséria do mundo.
Mas sou responsável por ela, sim!

Eu faço um pouco. Mas eu posso fazer mais, muito mais!
E eu não faço mais porque sou perdulária, porque sou superficial.

Porque penso muito, mas ajo pouco!
Porque não preciso de mais vestidos, e mais sapatos, e mais e mais...

Porque com mais vestidos e mais sapatos, eu só procuro me inserir entre os ricos.
Mas lá não encontro a real realização. Porque lá eu não pertenço.

Minha real realização eu só encontro entre os necessitados, entre aqueles que, por uma pequena ação minha, sorriem um pouco mais.
Mas meu egoísmo, e meu consumismo, por diversas vezes, me fazem esquecer disso.

Tudo o que almejo na minha vida é que, quando eu for uma velha senhora, eu olhe para trás e possa ver que fiz a diferença na vida de várias pessoas.
Não somente na vida de meus filhos mas também na vida de crianças que não eram minhas.

Que eu possa fazer algo no mundo, de tal forma que não existam mais crianças mortas, jogadas na rua, sem que ninguém chore por elas.

Isso é uma utopia, eu sei. Mas se eu conseguir evitar que isso aconteça a uma, apenas uma criança, minha vida já vai ter valido a pena.

Evitar o desperdício da vida. É o que quero.
Respeitar a vida. Celebrar o caráter sagrado da vida.

Que Deus me ajude a ser mais decente. Que Deus me ajude a não me esquecer do exemplo da Dona Zilda Arns.
Que me ajude a fazer mais.
Que me ajude a lembrar que eu não preciso de mais roupa, ou de mais bens. Que me ajude a me envergonhar, quando eu consumir mais.

Porque hoje eu sou quase nada, eu sou quase ninguém.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Em mim, ela continua.

Ontem ocorreu um terremoto de grande escala no Haiti. Hoje pela manhã vi a reportagem no jornal e fiquei triste por esse povo já tão sofrido.
Peguei a chave do meu carro, chamei meus filhos e saí para trabalhar. A vida voltou ao normal.

Durante o dia, alguém me disse que a Dona Zilda Arns havia morrido no terremoto do Haiti.

E agora?

Dona Zilda é a fundadora e cabeça chave da Pastoral da Criança. Dona Zilda salvou da inanição e da morte sabe-se lá quantas e quantas crianças por esse Brasil.
Dona Zilda, que só pensava nos outros. Nos filhos dos outros; nas crianças dos outros.
Dona Zilda, que era uma entre milhões.
Quantos são como ela?

Fiquei muito, mas muito triste, porque ela era uma pessoa a quem eu, mesmo à distância, acompanhava. Alguém a quem eu, enormemente, admirava.
Alguém que me serve de exemplo para que um dia, quem sabe, eu consiga fazer, baseada no seu exemplo, um pouquinho do que ela fez para a infância carente e desamparada.

Dona Zilda do carinho fácil.

Quis contar para os meus filhos quem ela era.
Eles me ouviram atentamente.
Os olhos do Joey, como sempre, se encheram de lágrimas.

Mas eu disse a ele que não era caso de chorar.

Quantas pessoas podem ter o privilégio de morrer na causa nas quais sempre acreditaram?
Porque ela estava no Haiti em uma jornada, mais uma vez, humanitária.
Era o que ela fazia.
Ela cuidava da Humanidade.

E tenho certeza que ela vai deixar seguidores. Um pouco em mim sempre fica e tenho certeza que fica muito em milhares de pessoas.

Eu disse aos meus meninos que ela foi tão especial, mas tão especial, que Deus não mandou nenhum de seus anjos esperar por ela na porta do Céu. Ele veio pessoalmente receber a Dona Zilda.

Com tanta gente ruim, e corrupta, e desumana no mundo, como entender que alguém como ela é que morreu?
E alguém me diz : Será que Deus existe?

Pois para mim não há dúvidas. A Dona Zilda era a prova viva da existência de Deus.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Olhos para ver


No pouco que eu sei, percebo que a única forma de permanecermos realmente vivos é se nunca pararmos de realizar.

Os bemóis e os sustenidos

Todo começo de ano faço o que de mais cliché se pode fazer em um começo de ano.
Faço planos para o ano que começa. Planos para retomar o que deixei para trás em algum momento de minha vida, ou para começar a fazer aquilo que sempre quis e nunca fiz.
Todo ano é assim e eu realmente consigo manter alguns desses "tratos" que faço comigo mesma. Não todos, mas alguns.

Estudei piano desde muito pequena. Minha mãe é pianista, por isso é natural que eu tenha começado a estudar piano quando ainda nem sabia ler.
Por vários anos gostei muito das minhas aulas e acho que só abandonei a prática, quando faltava pouco tempo para eu me formar, em função de um professor especialmente exigente com o qual tive aulas, já no curso técnico, que compreende os três últimos anos que precedem a formatura.

Na verdade ele não teve culpa alguma no meu abandono do curso, mas eu não gostava dele e não me sentia confotável com ele. Isso, é claro, aliado ao fato de eu estar no auge da minha adolescência e de ter passado a achar a prática diária e os estudos, e os exames, extremamente chatos.

Gosto muito de piano. De todos os instrumentos, é sem dúvida o meu favorito. Adoro o som do piano e as composições clássicas para ele. Adoro Bach, Chopin, Mozart, Tchaikovsky...adoro cantores que tem no piano seu instrumento principal e que fazem rock usando-se dele.

Lá no fundo, eu me arrependo de não ter me formado, mas mesmo sem o diploma, foram ao menos 9 anos de estudo durante a minha vida, no mínimo.

O fato é que há muito não toco. Ao menos não toco de verdade
E com o piano é assim : por mais que você saiba tocá-lo e saiba ler as partituras, e conheça a teoria, conforme você distancia-se da prática e do estudo, os dedos demoram a obedecer, as articulações doem e o pulso tensiona, quando você resolve voltar a tocar.
E é isso que acontece comigo todas as vezes que resolvo tocar. É difícil, extremamente difícil.
Mas eu sei que basta meu esforço para que a prática, aos poucos, volte.
Como praticamente tudo na vida, depende somente da minha força de vontade.
Adoraria voltar a tocar com a destreza que já toquei um dia.

Pois esse foi o meu plano para esse ano. Voltar realmente ao meu instrumento.
Porque sei que ele é uma bela companhia, para os momentos felizes e para os momentos tristes também.
Porque eu conheço a alegria que ele é capaz de me dar.

Mas vou precisar encarar dedos duros, articulações doloridas, partituras que já foram fáceis e hoje parecem muito difíceis, até chegar novamente à essa alegria.

Ainda não tive coragem de sentar-me à frente do meu teclado.
Mas já coloquei as minhas velhas partituras sobre ele.
Elas estão lá, me esperando.

E eu vou, sei que vou.
E ficarei tão grata a mim mesma, quando achar a tal aegria!

Vou sim.
E escrevo aqui para não me esquecer.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Wondering



Se eu conseguir manter minha boca mais fechada e os meus olhos bem abertos, talvez consiga evitar que a vida apenas passe por mim...

domingo, 3 de janeiro de 2010

...


E quando tudo dá errado, há de se começar tudo de novo...