domingo, 10 de janeiro de 2010

Os bemóis e os sustenidos

Todo começo de ano faço o que de mais cliché se pode fazer em um começo de ano.
Faço planos para o ano que começa. Planos para retomar o que deixei para trás em algum momento de minha vida, ou para começar a fazer aquilo que sempre quis e nunca fiz.
Todo ano é assim e eu realmente consigo manter alguns desses "tratos" que faço comigo mesma. Não todos, mas alguns.

Estudei piano desde muito pequena. Minha mãe é pianista, por isso é natural que eu tenha começado a estudar piano quando ainda nem sabia ler.
Por vários anos gostei muito das minhas aulas e acho que só abandonei a prática, quando faltava pouco tempo para eu me formar, em função de um professor especialmente exigente com o qual tive aulas, já no curso técnico, que compreende os três últimos anos que precedem a formatura.

Na verdade ele não teve culpa alguma no meu abandono do curso, mas eu não gostava dele e não me sentia confotável com ele. Isso, é claro, aliado ao fato de eu estar no auge da minha adolescência e de ter passado a achar a prática diária e os estudos, e os exames, extremamente chatos.

Gosto muito de piano. De todos os instrumentos, é sem dúvida o meu favorito. Adoro o som do piano e as composições clássicas para ele. Adoro Bach, Chopin, Mozart, Tchaikovsky...adoro cantores que tem no piano seu instrumento principal e que fazem rock usando-se dele.

Lá no fundo, eu me arrependo de não ter me formado, mas mesmo sem o diploma, foram ao menos 9 anos de estudo durante a minha vida, no mínimo.

O fato é que há muito não toco. Ao menos não toco de verdade
E com o piano é assim : por mais que você saiba tocá-lo e saiba ler as partituras, e conheça a teoria, conforme você distancia-se da prática e do estudo, os dedos demoram a obedecer, as articulações doem e o pulso tensiona, quando você resolve voltar a tocar.
E é isso que acontece comigo todas as vezes que resolvo tocar. É difícil, extremamente difícil.
Mas eu sei que basta meu esforço para que a prática, aos poucos, volte.
Como praticamente tudo na vida, depende somente da minha força de vontade.
Adoraria voltar a tocar com a destreza que já toquei um dia.

Pois esse foi o meu plano para esse ano. Voltar realmente ao meu instrumento.
Porque sei que ele é uma bela companhia, para os momentos felizes e para os momentos tristes também.
Porque eu conheço a alegria que ele é capaz de me dar.

Mas vou precisar encarar dedos duros, articulações doloridas, partituras que já foram fáceis e hoje parecem muito difíceis, até chegar novamente à essa alegria.

Ainda não tive coragem de sentar-me à frente do meu teclado.
Mas já coloquei as minhas velhas partituras sobre ele.
Elas estão lá, me esperando.

E eu vou, sei que vou.
E ficarei tão grata a mim mesma, quando achar a tal aegria!

Vou sim.
E escrevo aqui para não me esquecer.

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