quarta-feira, 28 de outubro de 2009

O "cara" de nossas vidas.

"Life´s a gas, life´s a gas, life´s a gas

So don´t be sad, cause I
I´ll be there
Don´t be sad at all

Life´s a gas, life´s a gas, life´s a gas

Life´s the gas, oh yeah"

Lovely, lovely JOEY RAMONE.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Anger is an energy!!!

Gritar a frase acima me poupa, ainda, anos de terapia.

Colocar o velho disco para rodar, a capa branca, onde se lê somente "PIL", me joga de volta nos anos 80 e o grito de Sir John ecoa muito atual : "Anger is an energy!" (1).

Sou amante confessa do rock and roll. Provavelmente dentre as maiores amantes que o rock and roll já teve.
Não vivo dele, mas sinceramente, vivo também por ele.
E ele, o rock and roll, certamente vive também para mim e em mim.

Foi o rock and roll que me jogou na parte mais perigosa da vida.
Foi ele que me apresentou todas as contravenções ("Hey baby, take a walk on the wild side" (2)) por ele atravessei o lado perigoso, e passeei por lá e lá senti-me, inúmeras vezes, confortável.

Foi o rock and roll que embalou as minhas noites, inicialmente no quintal da minha casa, dançando sozinha no meio da noite, nas noites estreladas de Pirassununga ("...so if I´m gonna die, I´m gonna listen to my body tonight!"(3)).

Foi ele que, posteriormente, inundou a minha noite, bebendo e dançando nos sábados, junto do meu namorado e dos meus amigos ("Chasing the night, it will be allright!"(4)).

Foi ele que me acompanhou a vida inteira ("Let the children lose it, let the children use it, let all the children boogie"(5)).

Ele foi minha irmã ("In the event, that this fantastic voyage..."(6)), ele foi meu irmão ("...despite all the computations, you could just dance to a rock 'n ' roll station and knew it was alright"(7)).

Ele foi minha dança ("Psycho Killer, qu'est-ce que c'est?"(8)) e minha tristeza ("Don´t tell me how to love my baby...he belongs to me!"(9)).

Foi meu desespero ("but from my head to my toes, from my knees to my eyes, everytime I watch the sky, for these last few days leave me alone, but for these last few days leave me alone"(10)) e minha alegria suprema ("Remember, I'm the one who loves you, you can always give me a call, turn to me, turn to me, baby turn to me"(11)).

Foi ainda a minha felicidade mais simples ("Your eyes are burning holes through me..."(12)).

Ele é minha pura juventude ("Into the sea, you and me, all these years and no one heard..." (13)) .
Por ele, esperei a música toda somente para ouvir a frase final (Ha, gitalong, gitalong, working for the Clampdown!"(14))

Foi ele quem me apresentou o perigo, embalou minha vida no limite do fogo e me salvou.
Ele me salvou ("Hey!, been trying to meet you..."(15)) e me apaixonou novamente ("You can't crucify yourself, no, that takes two, maybe you could use some help, and if you do, just say you do."(16)).

Ele me fez chorar em finais de filmes ("Listen to the girl, as she takes on half the world, moving up and so alive, in her honey dripping beehive, beehive it's good, so good, it's so good...So good"(17)).

Ele ainda me trouxe, depois de tantos anos, a mais crua adrenalina (" I miss the last bus, we take the next train, I try but you see, it's hard to explain" (18))

O rock and roll batizou meus filhos...

A ele devo toda a minha energia.
Ele é o sangue das minhas veias.

Ele sou eu e eu sou ele.




Citações :
1 - PIL - Rise
2 - Lou Reed - Walk on the wild side
2 - Prince - 1999
4 - Ramones - Chasing the night
5 - Bowie - Starman
6 - Bowie - Fantastic Voyage
7 - Lou Reed - Rock and roll
8 - Talking Heads - Psycho Killer
9 - Ramones - She belongs to me
10 - New Order - Leave me alone
11 - Lou Reed - Turn to me
12 - REM - Electrolite
13 - The Cure - The Lovecats
14 - The Clash - Clampdown
15 - Pixies - Hey!
16 - Frank Black - Can`t crucify yourself
17 - Jesus and Mary Chain - Just like honey
18 - Strokes - Hard to explain

domingo, 18 de outubro de 2009

Marcel...burn it down!

Fui ao cinema.
Ir ao cinema é um mega programa para mim, porque amo tudo o que diz respeito a isso. A escolha do filme, as leituras das críticas que antecedem a escolha do filme, comprar ingressos, a sala escura, os traillers, o filme e o pós filme.
Aquela sensação de ter vivido outra vida, uma outra história, sempre me invade após um bom filme.

Pois então, fui ao cinema.
Fui assistir "Bastardos Inglórios", último filme de Quentin Tarantino.
Porrada!

Vivi realmente, durante as quase três horas de projeção, outra realidade, outras vidas.

O filme é tipicamente Tarantino, cheio de violência e sangue, mas também cheio de situações tragicamente cômicas.
Um mega filme.
Me pegou em cheio, pelo assunto que aborda e pelo ponto de vista sobre o assunto.

Já relatei aqui que fui criada por pais que tem verdadeiro horror aos sistemas totalitários.
Fui criada também em uma família cheia de misturas étnicas, sendo eu uma salada composta por sangue português, mouro, índio, negro e holandês.
Dessa forma, pelo horror ao totalitarismo e por ser eu totalmente miscigenada, reprovo todo e qualquer tipo de preconceito.
Tenho amigos negros, brancos e orientais, ricos e pobres, judeus, católicos, espíritas, agnósticos, homossexuais e heterossexuais.
Tenho amigos, simplesmente.

Sempre que ouço falar de alguma ação preconceituosa, ela parece-me totalmente estúpida.
As ações preconceituosas me causam repulsa e me policio para nunca, mesmo que inconscientemente, cometê-las.

O filme de Tarantino se passa no Terceiro Reich, na época da dominação nazista na Europa.
Os Bastardos Inglórios eram um grupo de pessoas que combatia o nazismo, exatamente da mesma forma que o nazismo tentava se projetar, ou seja, através da violência absoluta.
De uma forma emblemática, Tarantino mostra o que a maioria de nós sempre quis ver, o movimento nazista ser combatido com seu próprio veneno composto de terror, violência e maldade.
E o filme é isso, a vingança judia tomando corpo e chegando ao sucesso.
O doce sabor da vingança.

Parece-me contraditório, da minha parte, ter tido tanto prazer em ver essa vingança, ainda que somente em um filme.
A vingança foi soberbamente violenta e eu, sendo contrária ao totalitarismo, devo colocar-me contra os atos violentos também.
Mas, pelo horror que o nazismo sempre me causou e ainda, como um reconhecimento às minhas amigas judias, devo assumir que adorei ver tal vingança.

O melhor seria que o Terceiro Reich nunca tivesse ocorrido.
Mas, já que ele ocorreu e eu nada posso fazer para mudar a história, repito com prazer :

"Marcel...burn it down!"

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

O começo, o meio e o sim!

Sou uma mulher de muita fé.
Fui criada para tê-la.
A mim, é importante tê-la.

Sou uma mulher que acredita, piamente, na existência Divina, no Criador, Aquele que tudo sabe, que tudo vê.
Portanto, acredito em vida após a morte. Não tenho dúvidas sobre isso.
Como prová-la? Não sei, ninguém sabe.
Mas para quem tem fé, o que importa é saber. E eu sei...

Nunca pensei que a vida terminaria aqui. Nunca pude acreditar que pessoas como meus pais acabariam no momento de suas mortes.

Após o nascimento de meus filhos, tive a plena certeza que eles, meus filhos, assim como meus pais, continuarão.
Portanto, eu continuarei.
Me é inconcebível a idéia de que seres tão maravilhosos quanto os meus filhos podem, simplesmente, "acabar". Isso nunca!
Tenho a certeza absoluta que eles continuarão.

Há algum tempo atrás, ouvi: "A vida não acaba na morte, e outra recomeça. A vida simplesmente não acaba. Após a morte, a vida que teremos é a mesma vida que temos até agora, é a mesma vida, porque a vida NÃO TEM FIM".

Sendo assim ( e eu acredito nisso), eu continuarei, durante toda a minha vida, agora ou após a minha morte, a ser quem eu sou. Serei portanto, a pessoa que sou hoje, vivenciando todas as experiências que eu mesma escolhi para mim.

E quantas vidas eu tiver, e sabendo ser sempre a mesma vida, eu serei eu mesma, e farei as mesmas escolhas.

Eu serei a filha do Dácio e da Carolina, sempre!
Eu serei a caçula, a mais nova depois daqueles 8 barulhentos. Eu serei a irmã dos meus irmãos e a irmã das minhas irmãs.
Eu serei a neta da Maria.

Eu serei a vizinha da Alessandra, eu serei a sua amiga eterna, eu serei a terça parte da irmandade formada por nós três, por mim, pela Lê e pela Paty.
Eu as escolherei para serem minhas irmãs.

Eu serei a menina do Kennedy, eu serei a boa aluna, que gosta de estudar, a aluna levada e risonha. Eu serei a amiga de todos.
Eu serei a confidente da Fer, eu a escolherei para ser a minha.

Eu serei a corredora, a bailarina.
Eu serei aquela que escreve.
Eu serei aquela que chora de tanta felicidade, e também de tanto medo.

Eu serei aquela que tem Bowie como trilha sonora da vida.
Eu serei aquela que dança ao ouvir o primeiro acorde de qualquer música do Prince.
Eu serei aquela que tem na boca o gosto da infância e da adolescência ao ouvir Lou Reed.
Eu serei aquela que sela novamente seus laços de matrimônio, a cada vez que ouve Ramones.
Eu serei aquela que, a cada música do Frank Black, se sente mais e mais apaixonada pelos homens da minha vida.

Eu serei, sempre, a namorada do Klauter, a mulher dele, a quem ele escolheu para dividir a vida. Eu serei aquela que foi agraciada em tê-lo por perto.
Eu serei aquela a quem ele abraça durante a noite.
Eu serei, sempre, a mãe dos seus filhos.

Eu serei, sempre, a mãe dos meus filhos.

Eu serei aquela que acorda de noite para cobrí-los. Eu serei aquela que se emociona com gestos, desenhos e lições de casa.
Eu serei aquela que se emociona com pés que crescem sem parar, com corpos em mutação. Corpos por mim gerados e por mim, diariamente, alimentados.

Eu serei a mulher que sou hoje, com as escolhas que fiz, e que me fazem confortável.
Nada foi ao acaso. Eu escolhi tudo o que está ao meu redor.

E escolhi inclusive as saudades. Eu escolhi ter saudades, porque escolhi não esquecer. E só tem saudades quem se nega a esquecer.

Eu serei o que sempre fui, e o que sempre serei. Com todas as minhas escolhas.