sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

O lado esquerdo do peito

Hoje o dia amanheceu cinza e chuvoso. Após dias de calor extremo, o dia de hoje amanheceu frio, o que não acontecia há muito tempo.
Portanto, para uma amante do verão, o dia de hoje não tinha nada de especial.

Quando voltei do meu almoço, havia um envelope branco sobre minha mesa de trabalho, com meu nome escrito nele...somente o meu nome.
Perguntei quem havia colocado aquilo ali e me disseram que um motoboy havia trazido aquele envelope, endereçado a mim.

Dentro dele encontrei duas fotos. A primeira mostrava minha turma de colégio, no dia de nossa festa de formatura de 8ª série. Junto comigo na foto havia um monte de gente, alguns que eu vejo a toda hora porque carreguei comigo durante todo esse tempo e outros que não vejo há muitos, muitos anos.
Na outra foto estavam somente eu e duas grandes amigas. Elas estão lindas e delicadas, vestidas de branco. Eu estou de jaco preto e cabelo nos olhos. Minha fase rock and roll estava só começando...

Fiquei maravilhada; por alguns segundos, faltou-me o fôlego.
Degustei todos os detalhes.
Estou tão ali como hoje sinto-me aqui.

Me perguntei quem teria me mandado aquilo. Quem poderia ter tido o desprendimento de perder alguns momentos de seu dia, em um lugar tão caótico quanto São Paulo em uma sexta feira, só para me fazer feliz.

Sempre amei meu colégio. Os anos lá vividos estão entre os mais importantes da minha vida, no tocante à formação da pessoa que sou.
Portanto, amo tudo o que se refere a ele ou às pessoas que fizeram parte dessa história.

Sempre mantive contato com muitos dos meus amigos daquela época, mas depois de um tempo, perdi o contato com alguns que me eram muito importantes. Fiquei assim por muito tempo.
Um dia, há 5 anos atrás, comecei a me lembrar dessas pessoas e me surpreendi por não saber onde estavam. Como pude permitir que pessoas tão queridas se perdessem de mim?
Tive um trabalho danado mas, com a ajuda de algumas pessoas, consegui localizar todas elas e fizemos uma grande festa, a primeira de algumas que viriam.
Criamos um grupo na internet e nos falamos sempre.
Sei onde elas estão e isso, por si só, me faz feliz.

Hoje, ao abrir o envelope e ver as fotos, tive vontade de abraçar os meus amigos.

Quem teria tido o cuidado de fazer uma cópia dessas fotos e me mandá-las, justamente nesse dia cinzento?

E então, depois de várias horas, percebi que havia um pequeno bilhete dentro do envelope. Eu não o havia notado.
E pude saber quem havia me enviado as fotos.
E o bilhete dizia algo sobre a foto mostrar há quanto tempo estamos juntas (e é verdade). E dizia algo sobre o fato de termos, algumas vezes, não estado tão próximas, mas de sempre termos estado no coração uma da outra.

Essa minha amiga não tem a menor noção do quanto me fez feliz. Ela me fez muito mais feliz do que imagina ter feito.
Me fez feliz pelas fotos, pela bilhete adorável e pela constatação de carinho mútuo.
Pelo tempo dedicado a mim e à nossa amizade.
Pelos anos vividos e pelos que ainda vamos viver.
Pela cumplicidade, que só a amizade desenvolvida ao longo de uma existência é capaz de proporcionar.

Eu só agradeço, porque hoje, esse dia cinzento, foi um dia especial.

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