sexta-feira, 24 de julho de 2009

O Terceiro

Sou mãe de dois filhos.
Eles são tudo o que eu tenho.

Sempre quis ser mãe. Nunca me passou pela cabeça não sê-lo. Os dias de nascimento dos meus filhos foram os momentos mais felizes da minha vida.
Não gosto quando eles não estão comigo, preocupo-me e não sossego enquanto eles não estão de volta à onde sempre deveriam estar...sob minha asa.
Meus filhos são como milagres para mim. Agradeço todos os dias a alegria suprema e o privilégio imenso de tê-los.

Após o nascimento do Joey, meu caçula, nunca considerei que meu papel, quanto a "ter filhos", estivesse concluído.
Sempre quis ter mais um.
Sempre achei que 3 é um número bem legal.

Minha vida é bem simples. Não almejo grandes posses, sinceramente.
Moro em uma casa legal, mas sem luxo algum.
O lugar que eu mais amo no mundo é Pirassununga, que fica só a 2 horas de viagem daqui.
Não preciso de nada, além de um bom tênis, para fazer uma das coisas que mais gosto na vida, que é correr.
As minhas aulas de ballet são o único "luxo" que tenho.
A comida que eu mais gosto é arroz e feijão. Qualquer coisa, com eles, para mim está ótimo.
Tenho tudo o que preciso.

Meus filhos vivem assim como eu. Não são crianças cheias de vontade, e quando as tem, eu os desencentivo a tê-las.
Apenas faço questão de que eles estudem em uma escola de 1ª linha.
E eles estudam em uma escola excelente...excelente e muito cara.

Atualmente, não temos condição, aqui em casa, de ter um terceiro filho e manter o mesmo padrão de escola para os meninos. E fazemos questão da excelência do ensino.
Tenho 39 anos e não tenho muito mais tempo para engravidar...portanto, durante um período, achei que teria meus 2 filhos somente, a despeito de ver-me, sempre, como uma mãe de 3 filhos.

No último Dia das Mães fiquei, como sempre, emocionada com as propagandas a respeito do Dia e com as fotos de mães segurando seus bebês. Fiquei triste imaginando que nunca mais seguraria no colo um bebê que fosse meu, justamente eu, cujo colo serviu de cama, inúmeras vezes, para meus filhos (e serve até hoje).

E de repente, tive uma idéia. Acho que a melhor idéia que tive na vida.
Afinal, eu não tenho condições, agora, de ter outro bebê. Mas no futuro terei.
E meu terceiro filho não precisa vir da minha barriga. Ele pode, certamente, vir do meu coração.

E como em um banho quente em um dia de frio extremo, essa idéia tácita invadiu meu pensamento e tornou tudo tranquilo e confortável.
No futuro, quando os meninos estiverem mais crescidos e nossa vida mais estabilizada, meu terceiro filho chegará.
Eu vou achá-lo, com certeza. Vou saber quando ele chegar, e vou buscá-lo, onde ele estiver.
E esse meu colo vai poder matar essa sede imensa...

Não prefiro menina ou menino, branco ou negro...meu bebê já é meu, onde quer que esteja, esperando para, no futuro, nascer.
Gosto de pensar que atualmente ele está no colo da minha vó Maria, no Céu, esperando seu momento de vir para a gente.
Gosto de pensar assim.

Algumas pessoas dizem que eu não vou dar conta de sustentar esse plano; dizem que, com o passar do tempo, à medida que meus meninos crescerem, eu vou ter mais liberdade para cuidar da minha vida e não terei disposição para começar tudo de novo.

Mas isso não vai acontecer.

Sei disso porque não tenho as pretensões que a maioria das pessoas tem.
Eu não quero ter liberdade de ir e vir.
Eu não faço questão de viajar, nem de ir a bons restaurantes, nem de poder dormir até tarde ou sair para dançar.

Meu terceiro filho é muito mais importante que tudo isso.
E eu não vou abrir mão dele.
E minha mãe me disse que eu estou certíssima. E era tudo que eu precisava ouvir.

Agora fico calma e tranquila por saber que tudo está só começando, que à medida que meus meninos crescem, eu só estou, cada vez mais próxima daquele que ainda não conheço, mas já amo.

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