domingo, 15 de março de 2009

Tia Yvonne

Como eu já disse várias vezes, eu gosto muito de crianças. Mais do que gostar até, eu me emociono com elas e com seu universo. Para mim, as crianças são as verdadeiras razões da vida, a única pureza genuína e tocante que conheço.
Os melhores adultos do mundo, no meu parecer, são aqueles que conseguem manter, em suas almas, o olhar infantil.

Crianças são minha paixão. Brancas, negras, pardas, amarelas, altas, baixas, meninos, meninas, ricas ou pobres.

Mas as crianças pobres tem minha especial atenção. E preocupação.
Tenho como objetivo de vida poder dedicar-me integralmente a elas.

Algumas pessoas dizem que quando tiverem criado seus filhos pretendem conhecer o mundo, ou criar animas em uma fazenda, ou ainda descansar em suas casas na praia...meu objetivo de futuro, no momento em que meus filhos estiverem criados, é dedicar-me às crianças pobres que precisarem de mim. Elas serão o mundo que quero conhecer, elas serão a fazenda que pretendo desbravar, elas serão minha casa na praia.

Há algum tempo atrás comecei a ler sobre uma mulher chamada Yvonne Bezerra de Mello.
A Yvonne é uma mulher carioca de classe alta que dedica sua vida às crianças pobres.
A Yvonne é aquela mulher que lutou pela condenação dos policiais envolvidos na Chacina da Candelária.
A Yvonne é aquela mulher que muitos chamam de louca e acusam de proteger bandidos, quando ela na verdade protege pequenas crianças, de forma que elas possam ter direito ao estudo e não se tornem bandidos. Dessa forma, a Yvonne protege também aqueles que nada fazem por essas crianças e ainda a criticam, pois a Yvonne tenta diminuir a marginalidade, fazendo com que seja possível que as peruas e os magnatas desfilem com suas jóias e carros importados sem serem perturbados pela pobreza, nos faróis e esquinas de suas cidades.
Assim eles podem desfilar suas posses sem ter que olhar suas próprias mazelas nos olhos infantis que os miram.
Podre consolo...podre ilusão!

A Yvonne tenta fazer com que essas crianças sejam vistas como as pessoas que realmente são, tendo acesso ao seu direito de ser criança, de ter estudo, de ter amor.
A Yvonne tem mais fracassos do que vitórias, porque o mundo é cruel e ele engole essas crianças. Ela perde a grande maioria delas para o tráfico e para a bandidagem, mas ela não desiste. Porque se ela consegue salvar uma, uma só, seu trabalho já é abençoado.

Eu quero ser como a Yvonne.

As crianças a chamam de tia Yvonne. Milhares de crianças vêem nela a fada boa.
Eu quero ser como ela.

Após muito ler sobre ela e sobre a fundação que ela criou no Rio de Janeiro, para apoiar e educar essas crianças (O Projeto Uerê), criei coragem e escrevi para ela. Mandei um email sem maiores pretensões, apenas parabenizando-a pelo trabalho, pela coragem e dedicação. Escrevi dizendo dos meus planos e do pequeno trabalho que atualmente faço em prol da infância marginalizada.
Escrevi a ela pedindo que não desista.

Ela respondeu-me após 10 minutos, dizendo : "Eu apareço em reportagens, mas somos todas nós que fazemos esse país andar para a frente."

Eu quero ser a tia Yvonne. E as crianças que precisarem de mim, me terão.

E através delas eu vou conhecer o mundo também, só que, diferentemente daqueles pessoas que viajam, eu vou conhecê-lo por dentro, podendo habitar o coração de cada criança que eu puder ajudar.
E esses corações, assim como os corações dos meus filhos, são o único mundo que eu quero conhecer.

Um comentário:

Anônimo disse...

Florzinha, você tem a manha de me fazer chorar. Talvez porque o que te emociona, me emociona muito também. Você é o máximo.