sábado, 14 de março de 2009

Cacildis!

Das minhas lembranças de infância, que são vastas, variadas e maravilhosas, algumas tem especial significado para mim.
Fui uma criança que assistiu pouco televisão, porque fui criada no interior, em uma cidade calma e em uma casa com um quintal enorme e com uma piscina convidativa, portanto grande parte da minha infância foi passada nesse quintal, ou ainda na rua da minha casa, onde jogava vôlei, ou queima, ou brincava de esconde esconde com as minhas amigas.

Porém, quando o domingo chegava e a noitinha ia caindo, eu não perdia, por nada desse mundo, o programa "Os Trapalhões".

Eu amava! A musiquinha de abertura (presente na mente de gerações, tenho certeza), eu ainda cantarolo de vez em quando. As palhaçadas dos quatro manés me deixavam encantada, e não havia melhor programa de TV para mim do que esse.
Eu gostava em especial do Didi e do Mussum. Do Didi eu curtia principalmente o riso que ele provocava em seus companheiros, com suas piadas que não constavam no roteiro e que, então, pegavam a todos de surpresa.
E do Mussum eu gostava do riso solto, leve e fácil. Eu gostava da maneira como ele falava e da ginga de malandro carioca. Eu gostava dos bordões que ele usava ("quero morrer preto se eu estiver mentindo"- era o meu favorito) e da maneira como terminava as palavras (Cacildis, forevis, revólvis...).
Eu não só assistia ao programa como todo ano ia ao cinema assistir aos filmes que eles lançavam. O pai de uma grande amiga levava a mim e a ela todos os anos, invariavelmente. Hoje, olhando para trás, tenho a clara certeza que ele gostava tanto ou mais do que a gente, pois ele também era e é uma criança grande, o Seu Edgar.

Dia desses, meus filhos ganharam da minha irmã Raquel, 2 caixas com 10 filmes dos Trapalhões. Incrivelmente a genética foi infalível nesse caso e eles, que já haviam assisitido a alguns filmes deles, amam os 4, assim como eu.
Obviamente que eu aproveitei o belo presente para matar a saudade, e me diverti com meus filhos vendo todas aquelas bobagens divinas, aquela graça circense e aquele humor ingênuo.
E, meu Deus, como foi bom.

Emocionei-me verdadeiramente, ao lembrar-me da menina que fui e das risadas que dei (tantas!!!) com esses 4 palhaços.

Com olhos de adulta, pude perceber que, sem a patrulha ideológica que hoje existe, eles podiam fazer brincadeiras que hoje seriam consideradas politicamente incorretas, mas que, na época, não tiveram efeito ruim algum sobre mim (e estou certa que sobre ninguém). O único efeito que essas brincadeiras tinham sobre mim era de soltar meu riso infantil, minha gargalhada mais genuína.

E chego a pensar, e não é sem pesar, que fui uma criança criada em um mundo mais puro ou mais ingênuo do que o de hoje.

Ou talvez não e eu esteja enganada, mas o certo é que eu cresci vendo as brincadeiras desses santos trapalhões e, politicamente corretas ou não, elas só fizeram de mim uma criança feliz.

Nenhum comentário: